segunda-feira, 7 de março de 2016

Se os Mamonas Assassinas estivessem vivos...

Este é um texto que não é de autoria do blog, foi retirado de um post de uma usuária do facebook chamada Priscila Chammas Dáu. O link vai estar disponível para quem quiser acessar o texto pelo perfil dela.

20 anos sem Mamonas, todo mundo emocionado, fazendo homenagem... que bonito! Pena que, se eles vivessem hoje, não teriam uma única música aprovada pela polícia virtual do politicamente correto. Teriam morrido no ostracismo, ou como personas non gratas, processados e, quem sabe, até presos.
- A começar por Robocop Gay, com sua letra claramente homofóbica e ofensiva axs transsexuais, fazendo chacota com a luta delxs para serem reconhecidxs pelo gênero com o qual se identificam (devido ao ato cirúrgico / hoje eu me transformei). Pena prevista: uma semana de textão no Facebook, nota de repúdio do movimento gay e projeto de Jean Wyllys no Congresso para proibir essa e qualquer outra música com conteúdo homofóbico.
- Aí vem uma outra composição, chamada Uma Arlinda Mulher, onde o cara se acha no direito de "matar de pancada" a companheira, caso ela não ganhe uma competição. Não bastando o machismo e misoginia, ainda contém um trecho racista, que afirma que a moça tem "cabelo pixaim parecido com a Medusa". Pena prevista: um mês de textão no Facebook, linchamento virtual de todos os integrantes da banda, nota de repúdio do movimento feminista e exigência de retirada da música do CD pelo movimento negro.
- Em Vira-vira, os Mamonas contam a história de uma pobre mulher que foi assediada, estuprada e ainda sofreu uma forte violência ao ter um dos seios arrancado pelos agressores. Ao chegar em casa e contar pro marido, não encontrou apoio para fazer a denúncia e, ao contrário, o macho opressor faz chacota do sofrimento da coitada, dizendo que ela ficava mais bonita "monoteta". Estupradores não passarão, machistas não passarão! Pena prevista: um ano de textão no Facebook, discurso inflamado de Alice Portugal no plenário, dizendo que 50 milhões de mulheres são estupradas por segundo no Brasil, campanha publicitária do Governo Federal contra o assédio e processo contra todos os integrantes da banda por fazer apologia à violência sexual.
- A treta seguiria com "Lá vem o Alemão", na qual a moça troca o namorado negro por um alemão desconhecido, apenas porque ele é "lindo, loiro e forte", numa clara reprodução dos padrões de beleza caucasianos que tanto atrapalham o empoderamento negro. Pena prevista: se quisesse continuar existindo como banda, os Mamonas teriam que mudar a letra, de preferência invertendo os papéis. Ah, e textões de Facebook também.
- 1406 é aquela música na qual ele diz que queria um apartamento no Guarujá (causando constrangimento no próprio Lula) e cita mais uma série de itens consumistas e materiais (carro importado, anel de diamantes, dinheiro, dinheiro, dinheiro). Não é uma boa influência para as crianças, principal público dos Mamonas. Pena: mudança de Guarujá para Mansão dos Marinho, ou de FHC, e textão de Facebook até que a música fosse retirada dos shows onde houvesse menores de idade ou pobres que pudessem se sentir oprimidos por não ter mansões nem carros importados.
- Tem ainda duas músicas, Chopis Centis e Jumento Celestino, que só servem para reforçar os estereótipos discriminatórios do nordestino. Segundo os autores, nordestino é aquele que sai da Bahia no lombo de um jumento e não sabe nem o que é um shopping center. Claramente xenófoba e racista, por pregar uma superioridade cultural da população do eixo Sul/ Sudeste. Pena prevista: boicote social e textão de Facebook até que fosse composta outra música, valorizando a cultura do Nordeste.
É, Mamonas... que sorte a de vocês, terem vivido nos anos 90. E que sorte a minha de ter sido criança nessa época. Merthiolate ardia, mas o mundo era bem menos chato e sensível. Acreditam que eu ouvi e cantei todas essas atrocidades sem chorar por ser nordestina? E mais! Cresci e não me tornei racista, machista nem homofóbica. Incrível, né?

Parabéns Priscila!

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